Todo mundo já ouviu falar sobre TDAH e muitos se identificam com algumas características.

Os sintomas do TDAH começam antes dos 12 anos de idade, ocorrem em diferentes ambientes e duram mais de 6 meses. Há dois eixos de sintomas: desatenção e hiperatividade. A falta de atenção é determinada pela frequente dificuldade de prestar atenção em detalhes, de manter foco em tarefas até o fim, em se organizar; comumente, o indivíduo parece não escutar quando é chamado por seu nome, perde os objetos, considera-se distraído e/ou esquecido. Enquanto que os sintomas de hiperatividade e/ou impulsividade são identificados quando o paciente remexe, batuca, levanta da cadeira, corre e sobe nas coisas, não para quieto, fala demais, interrompe, responde antes do final da pergunta, tem dificuldade em esperar sua vez, e/ou apresenta dificuldades em brincar ou se envolver em uma atividade de forma calma.

Você se identificou com alguma das características acima?

Calma. O mundo de hoje nos exige cada vez mais atenção em várias tarefas ao mesmo tempo, somos bombardeados por informações simultâneas, nos envolvemos em atividades de trabalho e responsabilidades familiares concomitantes. Pode não ser fácil prestar atenção e é comum nos sentirmos agitados.

É difícil dizer para o nosso cérebro o que é prioridade, diante de tantas tecnologias, ao receber uma mensagem da tia no celular, enquanto vemos uma propaganda interessante em rede social e a televisão está ligada. É comum esquecer as chaves se, na hora que saímos de casa, o interfone toca, a vizinha quer conversar e estamos atrasados para o trabalho. E ainda, as tecnologias permitem respostas e recompensas tão imediatas que temos dificuldade em esperar a nossa vez quando é necessário, por exemplo, enquanto pagamos uma conta rapidamente em um aplicativo de celular, ainda precisamos aguardar na fila de espera de um restaurante. Isso também acontece na vida de nossas crianças.

As crianças e adolescentes estão cada vez mais expostos às telas, que oferecem inúmeras informações simultâneas. Em jogos de celular ou videogame, habituam-se a receber recompensas rápidas e imediatas. Aprendem precocemente a falar no telefone, ao mesmo tempo que estão se alimentando. Eles vivem no mundo virtual e real, como se um fosse continuidade do outro, com acontecimentos paralelos e concomitantes, por exemplo, o jogo de corrida de carros do tablet é no mesmo horário do almoço na casa da avó. Atualmente, desde o começo da vida, somos cobrados pelas tecnologias a absorver vários estímulos no mesmo instante, a aprender a priorizar em quê vamos manter o nosso foco e a nos acostumar à velocidade de informações que surgem em pouco tempo.

Essa reflexão é importante sempre que nos depararmos com conversas do dia-a-dia sobre uma doença frequente na população, que pode acontecer com nossos amigos, familiares e pessoas próximas, como é o caso do TDAH. Se refletirmos sobre o conceito do TDAH, vemos que é caracterizado por queixas comuns na vida de todos, mas o que define um “transtorno” é a quantidade, a frequência e a intensidade dos sintomas. No TDAH, devem ser identificados seis ou mais sintomas de cada eixo de desatenção e/ou hiperatividade, os quais ocorrem “bastante” ou “demais”, e, o mais relevante, levam a prejuízo da qualidade de vida das pessoas que os sentem.

Ainda tem dúvidas? Procure o neuropediatra ou neurologista!

Fonte:

de Psiquiatria AA. Manual de diagnóstico e estatística de distúrbios mentais: DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2014.