Paralisia Cerebral e seu tratamento
A paralisia cerebral é um nome comum, de uma doença frequente, mas muito pouco conhecida, falada e entendida entre as pessoas. Hoje é chamada, mais corretamente, de encefalopatia crônica não progressiva, mas usamos pouco ainda esse nome. Para termos uma ideia da sua frequência, estimam-se que 3 a cada 1000 nascidos-vivos tenham paralisia cerebral.
É uma condição complexa, porque, na verdade, engloba um grupo de diferentes dificuldades motoras, causadas por lesões ocorridas no cérebro em desenvolvimento, desde o período gestacional até os primeiros anos de vida. Essas lesões cerebrais são permanentes, apesar de não progressivas, e levam ao comprometimento do desenvolvimento motor e postura, o que limita as atividades da vida diária.
As causas de paralisia cerebral são diversas, entre elas estão as infecções durante a gestação, prematuridade, falta de oxigênio durante o parto, hidrocefalia, icterícia neonatal, malformações cerebrais, isquemia ou sangramentos cerebrais precoces. Quando entendemos que as causas podem ser tantas, compreendemos também que cada paciente com paralisia cerebral é único e a gravidade de cada caso depende da sua causa, da extensão e localização da lesão no cérebro em desenvolvimento.
Estudar cada paciente com cuidado e atenção, permite direcionar o acompanhamento de forma individualizada. É muito importante que a equipe profissional identifique, além das dificuldades de cada paciente, as suas potencialidades. Descobrir o que a criança com paralisia cerebral faz bem e desenvolver essa habilidade pode tornar seu dia-a-dia mais tranquilo. A equipe precisa trabalhar junto com a família e escola para dar suporte a terapias que contribuam para as atividades cotidianas, proporcionando maior funcionalidade e independência.
Além disso, a equipe pode contribuir com a indicação de órteses adaptadas quando necessário, com o ajuste da cadeira de rodas de maneira confortável e com a prescrição de medicações que ajudem nos cuidados diários e nas terapias. O tratamento multidisciplinar deve ser personalizado, com sessões de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, conforme as necessidades de cada criança, mas acima de tudo, junto com a família. Uma família que compreende o que é paralisia cerebral e como é seu tratamento é mais independente, mais feliz e a que mais bem cuida da sua criança.
Fontes:
Graham HK, Rosenbaum P, Paneth N, Dan B, Lin JP, Damiano DiL, et al. Cerebral palsy (2016). Nat Rev Dis Prim n.d.;2:15082.
Braga LW, da Paz Júnior AC. Método SARAH: reabilitação baseada na família e no contexto da criança com lesão cerebral. Editora Santos; 2008.